Nossa história

Como tudo teve início..

 

“Morando na Alemanha, a partir de uma certa idade, as crianças acabam não falando mais o português. Eu tinha esse receio e queria muito que o meu filho aprendesse português, conhecesse melhor a língua e a cultura brasileira.” (Claudia Padilla)

 

“Nós queríamos uma escolhinha bilíngue para dar a oportunidade à todas as nossas crianças de falarem português, porque alemão elas teriam de qualquer forma, morando na Alemanha. Português seria um acréscimo. Essa era a motivação de todo mundo.” (Regina Cayres Kreisel)

 

Brasileiras casadas com alemães... alemãs casadas com brasileiros...filhos nascidos em Munique... a preocupação de que os filhos aprendessem e falassem português não só dentro de casa... oferecer uma oportunidade rotineira em que as crianças pudessem falar a língua e conhecer mais sobre a cultura brasileira.

 

Era esse o ideal de um grupo de mães que, sob a iniciativa, a perseverança e a dedicação de Claudia Padilla Raßhofer, começou a se reunir ao final de 1997 para discutir ideias. E esses encontros se intensificaram na casa de umas, de outras, e na “Casa do Brasil”, em Munique, durante o primeiro semestre de 1998. O Grupo Pica Pau, da Associação Cultural Teuto-Brasileira, já existia e servia de inspiração. Contudo, as mães sentiam a necessidade de ter um lugar em que pudessem deixar seus filhos de modo rotineiro com educadoras, como um jardim de infancia, não só irem a um encontro com outras mães brasileiras uma vez ou duas por semana.

 

Assim, mães e simpatizantes da idéia prepararam os documentos necessários (estatuto, conceito pedagógico e planejamento financeiro) para registrar a organização em cartório. No dia 19 de maio de 1998 firmou-se a criação da “Estrelinha e.V.” (foto 1). Com esse primeiro passo oficial, a instituição estava habilitada a receber apoio financeiro da Prefeitura de Munique. Contudo, o “pontapé” inicial do financiamento para pagamento do aluguel da sala e a compra de móveis partiu do patrocíno particular de pessoas envolvidas no projeto.

 

Escolhidas Cristina Malta e Maruza Schmitt como as primeiras educadoras, o grupo começou a funcionar com quatro crianças no dia 13 de maio de 1998, provisoriamente, no espaco do “Jugend und Kulturzentrum Laim” na rua Von der Pfordten 59 (fotos 2 e 3).

 

Em setembro o grupo se mudou para uma pequena sala na Breisacher Strasse 32, com sete crianças. Depois de um curto período, em novembro do mesmo ano o grupo fixava, definitivamente, sede na Belfortstrasse 4 contando com a participação de doze crianças.

 

Embora inicialmente a referência fosse de um “grupo de brincadeiras” (“Spielgruppe”), que começou funcionando três vezes por semana, a rotina se modificou rapidamente e o grupo passou a funcionar todos os dias, de segunda a sexta-feira, de manhã e à tarde. A idéia, desde o início, era de realmente criar uma associação de pais que funcionasse como uma instituição bilíngue de maneira continuada.

 

O nome da instituição foi dedicado à autora infantil Gilda Figueiredo Padilla que escreveu, entre outros, o livro “Estrelinha” (foto 4). Falecida em junho de 1994, a autora era mãe de Claudia, uma das fundadoras, e refere-se em uma de suas poesias às “estrelinhas-crianças” (foto 5).

 

Brilhando de maneira cada vez mais intensa na cidade de Munique, a Estrelinha expandia-se: de 1998, com o Maternal, cria em 2000 o grupo da Educação Infantil e, em 2007, o grupo do Acompanhamento Escolar.

Depois de uma crise em 2002, em que as crianças ficavam, em média três meses até arranjarem uma vaga em outros lugares, a Estrelinha precisou ser reestruturada tanto na parte pedagógica como financeira. À frente desse trabalho estiveram Regina Göricke, Monica Fauss e Baby Matthiessen.

 

Atualmente a instituição atende 50 crianças entre 01 e 10 anos em período integral e possui uma equipe de 12 professoras (brasileiras e alemãs). Os custos são cobertos em 80% pela Prefeitura de Munique e pelo Ministério de Educação do Estado da Baviera e em 20% pela contribuição mensal dos pais.

 

O trabalho, o esforço e a dedicação de inúmeros pais, mães, familiares e professores que têm passado pela “Kinderhaus Estrelinha e.V.” durante todos esses anos de existência, refletem-se na maturidade de uma instituição que é modelo de educação intercultural pré-escolar (in: “25 Jahre Eltern-Kind Initiativen”, Sozialreferat der Landeshauptstadt München, 2010), inclusive para instituições brasileiras semelhantes em outros países. (Ver Prêmio PLH 2016)

 

Partindo do princípio de que o aprendizado da língua é a base de toda a herança cultural, a Estrelinha atinge seu objetivo: expressa as culturas alemã e brasileira não só nas formas de rituais, músicas e festas mas, também, no jeito carinhoso, alegre e aberto de ser de suas crianças bilíngues.

 

Por Andréa Menescal Heath

(com a contribuição de Claudia Padilha, Regina Cayres Kreisel, Mary Lopes de Souza Kling, Baby Matthiessen e Maruza Schmitt)

 

E a história continua...

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